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Concêio de Caboco

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Morfologia portuguesa

Morfologia: disciplina linguística que estuda a forma estrutural das palavras, dos vocábulos.

Escreva, leia, fraseie, conheça, dinamize, sim, seja, tenha… você.
Começaremos nossos estudos tentando assimilar alguns conceitos básicos em relação à morfologia.

“Temos que saber, antes de mais nada, quais as tarefas da morfologia e quais as unidades da língua que pretendemos descrever.”, assim diz nosso querido mestre, dr. José Lemos Monteiro, autor de “Morfologia Portuguesa” 4ª edição (2001) revista e ampliada.

Continue Lendo “Morfologia portuguesa”

O vaquêro

Cumpade Zé Filirmino
Era um grande amigo meu,
Pois êle derna minino
Qui foi criado mais eu!…
Caboco bom verdadêro
Foi êle o mió vaquêro
Qui o Sertão já cunhiceu!

Fomo cresceno, cresceno,
Cuma se fôsse irimão,
As merma coisa fazeno,
Na mais prefeita união…
Era assim qui nois vivia
Inté qui chegô o dia
Da nossa separação…

Meu cumpade se casô
E nun quis mais sê vaquêro,
Dessa terra se mudô
Foi morá im Juazêro
Pras banda do Ceará,
Inquanto eu fiquei pru cá
Reecordando o cumpanheiro!

O rezadô

O rezadô

Seu dotô, eu nun lhe engano,
Eu tenho mais de trinta ano
Qui moro nesse lugá,
Dou-lhe a palavra de home,
Se nun qué morrê de fome,
Vá vivê na caipitá…

Aqui em nosso Sertão,
Dessa história de injeção
O pessoá tem arreceio
E a voimicê, cuma é novo,
E nun cunhece êsse povo,
Eu vou lhe dá uns conceio:

Quando o dotô receitá,
Nun mande a roupa tirá,
Pruquê nossa gente acha
Qui essas coisa é muita feia…
E o cabra morre na pêia
Mas a rôpa êle nun báxa!

Maria

Se nosso Sinhô quizesse
Me dá riqueza argum dia
Adispois qui Êle me désse
Uma troca nois fazia:
Eu dava todo o dinheiro,
Sómente pra dá um chêro
No cangote de Maria…

Fao cum tôda franquêza:
Praquê dinhêro eu quiria!
De qui vale tê riqueza
E vivê sem aligria!…
Eu trocava meu tisouro
Pelas trancinha de ouro
Dos cabelo de Maria…

E sou capaz de apostá
Cuma questão nun fazia,
Se Êle quizesse trocá
O verde da mataria
E do capim das istrada
Pela cô isverdiada
Do zóinho de Maria!…

Superstição

Superstição

Hoje é treze, sexta-fêra
Me alevantei na carrêra
Sem fazê o pelo-siná
Uma curuja agorô
E o bode prêto berrô
Na purtêra do currá…

É hoje dia de azá!…

Passei pur baxo daiscada,
Levei logo uma cusparada
Do arubu qui tava lá…
A cauã cantô no mato,
Pisei no rabo de um gato
E ouví um cachorro uivá!

Chicá

Voicimecê qui vem de longe
Das bandas da capitá,
Quem sabe se nun cunhece
Ou tenha ouvisto falá
Numa caboca morena,
Da cinturinha piquena
E qui se chama Chicá…

Cunhicida pru Chicá,
(No botismo era Francisca),
Gostava de namorá…
Mais era dessas arisca
Qui logo qui a gente vê
Dá vontade de mordê,
Chega perto e nem se trisca…

Seus cabelo era uma trança
Pretinha cuma os tição
Qui se guarda pru lembrança
Das foquêra de São João,
No cangote cabiludo,
Me aquerdite, eu dava tudo,
Só pra dá um biliscão…

Invenção de Satanás

Diz aqui DEUS, Nosso Sinhô,
Há muitos anos atrás,
Arrisurvido chegô
Pra fazê seu mundo im paz,
Mas logo, nesse momento,
Cum odaça e atrevimento
Tombém chegô Satanás…

Foi quando Deus preguntô:
— Qui tu vei fazê aqui?
Satanás arrespostô:
— Eu tombém me arisurvi
A vim fazê invenção
E a ajudá na Criação
Se Voimecê consinti!…

Deus entonce lhe avisô:
— O Bem sempre vence o má!
E Sua obra começô!
Sem pru capeta ligá…
Foi dano início ao trabaio
Sem convessa e sem impaio,
Um de lá — ôto de cá…

Poemas de Pompílio Dinis – Índice

A Divorcista
A Doença
A Feminista
A Lição
Almas Gêmeas
Amor e Sabedoria
Aparênça
A Revorta dos Macaco
As Histórias do Brasil
Até Quando?

A voz do Geração
Cadê os Home?
Carta Assassina
Carta de Caboco
Chicá
Consêio de Pescadô
Deus
Desarmai Vossos Filhos
Desespero
Diferença

SÓNETO – ACRÓSTICO

AO ILUSTRE BRASILEIRO ULYSSES GUIMARÃES

U lysses Guimarães, o vanguardeiro
L iberal, democrata, combatente
I ncansável herói de nossa gente,
S ímbolo do Congresso Brasileiro!…
S ua fibra de grande Cavalheiro
E naltece o valor do COntinente,
S alvando esta Nação, da prepotente

G anância do poder interesseiro!…
U nindo este País de Sul a Norte,
I mplanta a CONSTITUINTE livre e forte,
M arco indelével da Posteridade!…
A gratidão sincera do seu Povo
R efaz, no coração do Mundo Novo,
A ES perança de Paz e Liberdade!

Publicado e republicado nas décadas de 80 e 90 – século passado


A revorta dos macaco

Poema: Pompílio Diniz.

Eu tenho na minha casa
Uma papagai faladô,
Bichinho de pena e asa,
Nun pode tê mais valô…
Convessa com´s animá
E, adispois, vem me contá
Tudo qui os bicho falô!

Mas privino a voimicê:
Nun gosto de labacé!
Purisso vou lhe dizê,
Aquerdite se quizé…
Cum certeza nunca ispai
História de papagai
Nem fuxico de muié!…

Meu papagai, asturdia,
Vuano, vei me contá
O qui o macaco dizia
Pra todos os animá;
Im defesa do seu nome
Ia movê contra os home
Uma ação judiciá!

O papagai dixe, infim,
Qui êsse macaco feroz
Falava prus bicho assim
Im tôda artura da voz:
— Pra vergonha dos macaco,
Dixe um sujeito veiaco
Qui os home nasceu de nois…