Chicá

Voicimecê qui vem de longe
Das bandas da capitá,
Quem sabe se nun cunhece
Ou tenha ouvisto falá
Numa caboca morena,
Da cinturinha piquena
E qui se chama Chicá…

Cunhicida pru Chicá,
(No botismo era Francisca),
Gostava de namorá…
Mais era dessas arisca
Qui logo qui a gente vê
Dá vontade de mordê,
Chega perto e nem se trisca…

Seus cabelo era uma trança
Pretinha cuma os tição
Qui se guarda pru lembrança
Das foquêra de São João,
No cangote cabiludo,
Me aquerdite, eu dava tudo,
Só pra dá um biliscão…

Invenção de Satanás

Diz aqui DEUS, Nosso Sinhô,
Há muitos anos atrás,
Arrisurvido chegô
Pra fazê seu mundo im paz,
Mas logo, nesse momento,
Cum odaça e atrevimento
Tombém chegô Satanás…

Foi quando Deus preguntô:
— Qui tu vei fazê aqui?
Satanás arrespostô:
— Eu tombém me arisurvi
A vim fazê invenção
E a ajudá na Criação
Se Voimecê consinti!…

Deus entonce lhe avisô:
— O Bem sempre vence o má!
E Sua obra começô!
Sem pru capeta ligá…
Foi dano início ao trabaio
Sem convessa e sem impaio,
Um de lá — ôto de cá…

Poemas de Pompílio Dinis – Índice

A Divorcista
A Doença
A Feminista
A Lição
Almas Gêmeas
Amor e Sabedoria
Aparênça
A Revorta dos Macaco
As Histórias do Brasil
Até Quando?

A voz do Geração
Cadê os Home?
Carta Assassina
Carta de Caboco
Chicá
Consêio de Pescadô
Deus
Desarmai Vossos Filhos
Desespero
Diferença

SÓNETO – ACRÓSTICO

AO ILUSTRE BRASILEIRO ULYSSES GUIMARÃES

U lysses Guimarães, o vanguardeiro
L iberal, democrata, combatente
I ncansável herói de nossa gente,
S ímbolo do Congresso Brasileiro!…
S ua fibra de grande Cavalheiro
E naltece o valor do COntinente,
S alvando esta Nação, da prepotente

G anância do poder interesseiro!…
U nindo este País de Sul a Norte,
I mplanta a CONSTITUINTE livre e forte,
M arco indelével da Posteridade!…
A gratidão sincera do seu Povo
R efaz, no coração do Mundo Novo,
A ES perança de Paz e Liberdade!

Publicado e republicado nas décadas de 80 e 90 – século passado